
Lançando por Clara Nunes na década de 1970, Roque Ferreira tornou-se o compositor preferido de nove entre dez cantores da música popular brasileira atual. A lista passa por Zeca Pagodinho, Martinho da Vila, Beth Carvalho e Maria Bethânia até novatos como Luiza Dionízio, Aline Calixto e Pedro Miranda.
A admiração é tanta que alguns dedicaram álbuns inteiros à obra do baiano, como a conterrânea Clécia Queiroz que lançou 'O samba de Roque' no começo deste ano. Agora é a vez de Roberta Sá que se uniu ao Trio Madeira Brasil para lançar ‘Quando o canto é reza’ (Universal Music/MP,B), projeto anunciado em 2007.
Os sambas de roda, chulas, ijexás, cocos e toadas de Roque - que nem sempre são de fácil compreensão – estão lá, mas quase sempre ralentados pelos (ainda assim) belos arranjos de Marcelo Gonçalves, Zé Paulo Becker e Ronaldo do Bandolim e suavidade da cantora.
Entre faixas inéditas e regravações destaca-se 'Água da minha sede' (Roque/Dudu Nobre) que deu nome ao CD lançado por Zeca Pagodinho em 2000 e volta quase como uma reza na voz de Roberta, deixando ainda mais evidente um tom nostálgico já existente na gravação do sambista.
A força de 'Mandingo' (Roque/Pedro Luís), gravada por Pedro Luís e A Parede em 2008, abre os trabalhos mostrando que a cantora se sai bem em temas mais fortes (como na faixa título de seu álbum, 'Brazeiro', de 2004).
O samba-de-roda 'Xirê', gravado pela já citada Clécia Queiroz, tem arranjo envolvente e ganha ainda mais graciosidade na voz de Roberta. Outro samba, 'Tô fora', tem a participação de Moyseis Marques (cantor que ainda não teve seu valor devidamente reconhecido pelo grande público). 'Cocada', originalmente um samba-de-roda, ficou irresistível com novos ares de maxixe genuinamente carioca. 'Água doce', de onde foi retirado o verso que dá nome ao trabalho, é um afoxé ralentado cuja beleza o arranjo e canto de Roberta evidenciam.
Ao escolher um cancioneiro repleto de figuras míticas ligadas aos ritos do Candomblé e de imagens que evocam a África e a Bahia (que caem perfeitamente no canto de intérpretes mais densas como Maria Bethânia), Roberta tirou Roque do altar baiano, dando cara cosmopolita à sua obra. O homenageado não ficou muito satisfeito com o resultado. Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, Roque disse que achou o disco muito “light”.
Talvez esteja aí o 'senão' de um disco que já divide opiniões: a música de Roque perdeu sua característica ao ser afastada da percussão original?
O fato é que Roberta Sá navega contra a corrente do sucesso fácil, abdica das execuções maciças no rádio, aprimora sua bela voz e avança na construção de uma carreira perene que começou em 2002 no reality 'Fama', da TV Globo, de onde foi eliminada logo no início. Com a graça dos deuses.
A admiração é tanta que alguns dedicaram álbuns inteiros à obra do baiano, como a conterrânea Clécia Queiroz que lançou 'O samba de Roque' no começo deste ano. Agora é a vez de Roberta Sá que se uniu ao Trio Madeira Brasil para lançar ‘Quando o canto é reza’ (Universal Music/MP,B), projeto anunciado em 2007.
Os sambas de roda, chulas, ijexás, cocos e toadas de Roque - que nem sempre são de fácil compreensão – estão lá, mas quase sempre ralentados pelos (ainda assim) belos arranjos de Marcelo Gonçalves, Zé Paulo Becker e Ronaldo do Bandolim e suavidade da cantora.
Entre faixas inéditas e regravações destaca-se 'Água da minha sede' (Roque/Dudu Nobre) que deu nome ao CD lançado por Zeca Pagodinho em 2000 e volta quase como uma reza na voz de Roberta, deixando ainda mais evidente um tom nostálgico já existente na gravação do sambista.
A força de 'Mandingo' (Roque/Pedro Luís), gravada por Pedro Luís e A Parede em 2008, abre os trabalhos mostrando que a cantora se sai bem em temas mais fortes (como na faixa título de seu álbum, 'Brazeiro', de 2004).
O samba-de-roda 'Xirê', gravado pela já citada Clécia Queiroz, tem arranjo envolvente e ganha ainda mais graciosidade na voz de Roberta. Outro samba, 'Tô fora', tem a participação de Moyseis Marques (cantor que ainda não teve seu valor devidamente reconhecido pelo grande público). 'Cocada', originalmente um samba-de-roda, ficou irresistível com novos ares de maxixe genuinamente carioca. 'Água doce', de onde foi retirado o verso que dá nome ao trabalho, é um afoxé ralentado cuja beleza o arranjo e canto de Roberta evidenciam.
Ao escolher um cancioneiro repleto de figuras míticas ligadas aos ritos do Candomblé e de imagens que evocam a África e a Bahia (que caem perfeitamente no canto de intérpretes mais densas como Maria Bethânia), Roberta tirou Roque do altar baiano, dando cara cosmopolita à sua obra. O homenageado não ficou muito satisfeito com o resultado. Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, Roque disse que achou o disco muito “light”.
Talvez esteja aí o 'senão' de um disco que já divide opiniões: a música de Roque perdeu sua característica ao ser afastada da percussão original?
O fato é que Roberta Sá navega contra a corrente do sucesso fácil, abdica das execuções maciças no rádio, aprimora sua bela voz e avança na construção de uma carreira perene que começou em 2002 no reality 'Fama', da TV Globo, de onde foi eliminada logo no início. Com a graça dos deuses.
Comentários