
Andando pelas quebradas dessa vida — e sendo levado por ela — eis que o malandro chega aos 50 anos. Jessé Gomes da Silva Filho, o Zeca Pagodinho (na foto, crédito: Adriana Lins/ Henrique Pontual), nasceu no dia 4 de fevereiro de 1959, pelas mãos de uma parteira, no subúrbio de Irajá. Cedo trocou as salas de aula pelas rodas de samba e ralou como feirante, camelô e anotador de jogo do bicho até ser descoberto nas rodas do Cacique de Ramos.
“Quando era novo, uma pessoa com 50 anos era considerada velha. Hoje, nessa idade, as pessoas estão se casando de novo, fazendo filho, é outra história”, diz Zeca, que sai hoje da clínica São José, onde está desde a semana passada por causa de uma pneumonia. “Se ficasse em casa acabaria tomando uma gelada, aqui me trato direito. Quero sair daqui tinindo”, diz ele, que cura também uma bronquite.
Foi na juventude que o futuro Pagodinho (o apelido veio da ‘ala do pagodinho’, onde desfilava no bloco Bohêmios de Irajá) se tornou amigo de Mauro Diniz, Almir Guineto, Dorina, Paulo Sete Cordas, entre muitos outros futuros nomes do samba carioca.
Monarco lembra esse tempo: “Ele já era amigo do meu filho, Mauro. Estava sempre interessado em saber sobre meus sambas”. O compositor de ‘Coração em Desalinho’ (gravado por Zeca em seu primeiro disco, em 1986) tornou-se referência na carreira do discípulo. “Ia dar a música para o Martinho da Vila mas, depois de falar com meu parceiro Ratinho, acabei apostando no Zeca”, diz.
Desde então, o mestre (junto com a Velha Guarda da Portela) sempre esteve nos CDs do sambista, até em épocas difíceis, em que os sambistas sumiram da mídia. “Quando o pagode romântico invadiu as rádios, encostaram o Zeca na parede, queriam que gravasse outros compositores, mas ele se manteve firme”, diz. O parceiro e amigo Ney Lopes completa: “A década de 90 foi difícil pra todos nós. As gravadoras tentaram transformar o samba em pop”.
Pagodinho foi para a gravadora Universal Music, onde está há 18 anos. “Ele recebeu tratamento de grande estrela logo no primeiro disco. Havia o desejo de fazê-lo estourar”, conta Rildo Hora, produtor de Zeca.
Rildo também produziu a primeira participação do artista em disco. O samba ‘Camarão Que Dorme a Onda Leva’, parceria de Zeca com Arlindo Cruz e Beto Sem Braço, foi lançado por Beth Carvalho em 1983. “Conheci o Zeca no Cacique, seu talento, sua graça, sua fantástica capacidade de versar, o suingue na divisão, tudo isso chamou minha atenção”, derrete-se a madrinha Beth.
Aos 23 anos de carreira,Zeca é quase unanimidade. Em 2002 ganhou Grammy Latino e viu ‘Deixa a Vida me Levar’ virar hino da seleção brasileira. Para os mais chegados, não existe diferença entre os Pagodinhos de Irajá, Xerém e Barra da Tijuca. “Ele quis essa vida, tudo o que aconteceu, e agradece todos os dias. Não mudou nada”, diz a mulher, Mônica, casada com ele há 22 anos.
O local da festa dos 50 anos não foi decidido mas, pela animação do aniversariante, a comemoração promete. “Quero juntar todos os meus amigos, de A a Z, não pode faltar ninguém”. Segundo amigos, a data não vai passar em branco na gravadora. “Está sendo planejado um DVD, que tem tudo para virar grande produção, para retratar o mundo do Zeca, seus 50 anos”, conta uma pessoa próxima. Antes disso, neste sábado, Zeca faz show no Oi Noites Cariocas, no Píer da Praça Mauá.
Xerém é a verdadeira paixão
Morando na Barra da Tijuca “por causa da escola das crianças”, Zeca colocou o distrito de Xerém no mapa afetivo/cultural do Rio de Janeiro. “A vida dele, sua verdadeira paixão, é Xerém. Ele manda soltar fogos para avisar aos amigos quando está chegando”, diz Anibinha, o amigo que levou o sambista para lá.
A pedido de Pagodinho, Anibinha descobriu o sítio que o cantor mantém até hoje. “Ele demorou quinze dias para ir conhecer o sítio, que já tinha casa, animais, cocheira. Quando viu, se mudou no dia seguinte”, lembra.
A paixão pela região fez Zeca construir a Escola de Música Mata Virgem. Para participar do projeto, as crianças precisam estar matriculadas na escola. As aulas de música erudita, clássica e MPB acontecem de segunda a sexta-feira em dois turnos. Dezoito anos depois, ele continua solicitando a ajuda de Anibinha. “Zeca liga querendo 300 cestas básicas, 2 mil ovos de Páscoa, e eu vou atrás do melhor preço”, diz.
“Quando era novo, uma pessoa com 50 anos era considerada velha. Hoje, nessa idade, as pessoas estão se casando de novo, fazendo filho, é outra história”, diz Zeca, que sai hoje da clínica São José, onde está desde a semana passada por causa de uma pneumonia. “Se ficasse em casa acabaria tomando uma gelada, aqui me trato direito. Quero sair daqui tinindo”, diz ele, que cura também uma bronquite.
Foi na juventude que o futuro Pagodinho (o apelido veio da ‘ala do pagodinho’, onde desfilava no bloco Bohêmios de Irajá) se tornou amigo de Mauro Diniz, Almir Guineto, Dorina, Paulo Sete Cordas, entre muitos outros futuros nomes do samba carioca.
Monarco lembra esse tempo: “Ele já era amigo do meu filho, Mauro. Estava sempre interessado em saber sobre meus sambas”. O compositor de ‘Coração em Desalinho’ (gravado por Zeca em seu primeiro disco, em 1986) tornou-se referência na carreira do discípulo. “Ia dar a música para o Martinho da Vila mas, depois de falar com meu parceiro Ratinho, acabei apostando no Zeca”, diz.
Desde então, o mestre (junto com a Velha Guarda da Portela) sempre esteve nos CDs do sambista, até em épocas difíceis, em que os sambistas sumiram da mídia. “Quando o pagode romântico invadiu as rádios, encostaram o Zeca na parede, queriam que gravasse outros compositores, mas ele se manteve firme”, diz. O parceiro e amigo Ney Lopes completa: “A década de 90 foi difícil pra todos nós. As gravadoras tentaram transformar o samba em pop”.
Pagodinho foi para a gravadora Universal Music, onde está há 18 anos. “Ele recebeu tratamento de grande estrela logo no primeiro disco. Havia o desejo de fazê-lo estourar”, conta Rildo Hora, produtor de Zeca.
Rildo também produziu a primeira participação do artista em disco. O samba ‘Camarão Que Dorme a Onda Leva’, parceria de Zeca com Arlindo Cruz e Beto Sem Braço, foi lançado por Beth Carvalho em 1983. “Conheci o Zeca no Cacique, seu talento, sua graça, sua fantástica capacidade de versar, o suingue na divisão, tudo isso chamou minha atenção”, derrete-se a madrinha Beth.
Aos 23 anos de carreira,Zeca é quase unanimidade. Em 2002 ganhou Grammy Latino e viu ‘Deixa a Vida me Levar’ virar hino da seleção brasileira. Para os mais chegados, não existe diferença entre os Pagodinhos de Irajá, Xerém e Barra da Tijuca. “Ele quis essa vida, tudo o que aconteceu, e agradece todos os dias. Não mudou nada”, diz a mulher, Mônica, casada com ele há 22 anos.
O local da festa dos 50 anos não foi decidido mas, pela animação do aniversariante, a comemoração promete. “Quero juntar todos os meus amigos, de A a Z, não pode faltar ninguém”. Segundo amigos, a data não vai passar em branco na gravadora. “Está sendo planejado um DVD, que tem tudo para virar grande produção, para retratar o mundo do Zeca, seus 50 anos”, conta uma pessoa próxima. Antes disso, neste sábado, Zeca faz show no Oi Noites Cariocas, no Píer da Praça Mauá.
Xerém é a verdadeira paixão
Morando na Barra da Tijuca “por causa da escola das crianças”, Zeca colocou o distrito de Xerém no mapa afetivo/cultural do Rio de Janeiro. “A vida dele, sua verdadeira paixão, é Xerém. Ele manda soltar fogos para avisar aos amigos quando está chegando”, diz Anibinha, o amigo que levou o sambista para lá.
A pedido de Pagodinho, Anibinha descobriu o sítio que o cantor mantém até hoje. “Ele demorou quinze dias para ir conhecer o sítio, que já tinha casa, animais, cocheira. Quando viu, se mudou no dia seguinte”, lembra.
A paixão pela região fez Zeca construir a Escola de Música Mata Virgem. Para participar do projeto, as crianças precisam estar matriculadas na escola. As aulas de música erudita, clássica e MPB acontecem de segunda a sexta-feira em dois turnos. Dezoito anos depois, ele continua solicitando a ajuda de Anibinha. “Zeca liga querendo 300 cestas básicas, 2 mil ovos de Páscoa, e eu vou atrás do melhor preço”, diz.
Comentários