Nascido no subúrbio nos melhores dias, o sambista João Nogueira fundou o Clube do Samba na casa onde morava, no Méier. Batiam ponto nas memoráveis reuniões de sábado artistas como Martinho da Vila, Roberto Ribeiro e Clara Nunes. Este ano, o Clube que chegou a ter sede (alugada) na Barra na década de 80, comemora 30 anos — sempre sob o comando da família Nogueira. “Meu pai queria muito a sede do Clube, realizar projetos sociais. Acho que vou viver como ele viveu, para conseguir a sede. Se depender de mim o Clube não vai acabar nunca”, afirma a advogada Clarisse Nogueira, que entrou com processo administrativo na Prefeitura da cidade em busca de uma sede.
Um ano após sua fundação o Clube virou bloco, desfilando na Avenida Rio Branco e, atualmente, na Avenida Atlântica. “O bloco sempre foi a menina dos olhos do João, ele se divertia”, lembra Ângela Nogueira, viúva do sambista e presidente do Clube do Samba. “Foi a maneira que encontrei para manter sua obra”, diz. Semana passada, o clã dos Nogueira se reuniu com os compositores do Clube na choperia Parada da Lapa, anexo à Fundição Progresso, onde acontecem os ensaios do bloco para o Carnaval 2009, toda quarta-feira, a partir das 22h.
Nomes como Dalmo Castelo, Delcio Carvalho, Noca da Portela, Edmundo Souto, Giza e Didu Nogueira se reuniram para compor o samba-enredo do bloco. “Monarco e Walter Alfaiate também já participaram. Como eles dizem ‘uma cabeçada para fazer um samba’, mas que sai rapidinho”, ri a presidente. Em sua participação como compositor, Diogo Nogueira lembra dos antigos encontros. “Acompanhava meu pai, assistia a esses grandes compositores brincando, se divertindo, falando um pouco sobre a história do Brasil, dando uma porradinha naqueles momentos difíceis”, brinca.
Outro portelense, Noca, também evoca o passado. “Sou da época do Méier, isso aqui é diversão para mim”, afirma o campeão de sambas em blocos como o Simpatia é Quase Amor, Barbas e Bloco da Segunda. “Mas aqui é melhor, não tem disputa, sempre foi assim e normalmente sai bem feito.”
O Clube do Samba sempre fez crítica social em seus enredos e desta vez não foi diferente. Além dos 30 anos, a crise econômica mundial, o sapato jogado no presidente Bush, a Cidade da Música, os travestis de Ronaldo e até mesmo o novo visual da ministra Dilma Rousseff servem de inspiração para a rapaziada. “São muitas idéias, a gente acaba juntando e fazendo o desejado para o bloco desfilar bonito”, conclui Diogo. O desfile do Clube do Samba acontece na terça-feira de Carnaval, às 17h, com concentração a partir das 14h, na altura da rua Santa Clara, em Copacabana.
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