Rio - O local onde o jornalista Tim Lopes foi cruelmente assassinado em 2002 será agora palco de evento histórico: o show do especial de fim de ano de Roberto Carlos. É na Favela da Grota, no Complexo do Alemão, que a produção do programa pretende montar o palco do evento.
A notícia deixou muita gente em polvorosa — dentro e fora das comunidades. O Rei que queria ter um milhão de amigos vai ganhar mais um punhado de súditos entre os 97 mil moradores da região.
A notícia deixou muita gente em polvorosa — dentro e fora das comunidades. O Rei que queria ter um milhão de amigos vai ganhar mais um punhado de súditos entre os 97 mil moradores da região.
“Acompanhei a equipe que fez a avaliação do local, na semana passada. Vieram representantes do cantor e da área técnica da Globo”, revela Reginaldo Lima, assessor do projeto Conexões Urbanas, levado à frente pelo grupo AfroReggae, que levou a cantora Marisa Monte ao Alemão, ano passado.
“A expectativa entre os moradores é muito grande. As comunidades são formadas, na maioria, por nordestinos e as músicas do Roberto sempre foram a trilha sonora desse povo. É uma alegria muito grande, o maior dos presentes”, diz. O local visitado pela equipe da Globo é o mesmo onde aconteceu o show de Marisa. Conhecido como ‘Campo do Sargento’, tem capacidade para 50 mil pessoas e fica na Rua Canitá, um dos principais acessos à Grota.
Para ficar ainda mais popular, até funk deve ser incluído no show — o Rei quer conhecer bailes e MCs. Direto de Portugal, onde faz uma série de apresentações, DJ Marlboro comemora: “É fantástico, uma vitória do funk. Roberto já tinha marcado golaço quando convidou o MC Leozinho para participar de seu programa (2006). O show no Alemão é uma conquista”. Leozinho também é só alegria. “Esse show vai ajudar o funk a romper barreiras. Roberto é sensacional, até hoje colho frutos da minha participação”, diz. Já Vera Marchisiello, uma das fundadoras do Grupo Um Milhão de Amigos, diz que muitos dos 17 mil associados (a maioria com mais de 40 anos) estão apreensivos. “A maior preocupação é a questão da segurança, mas acredito que tudo transcorrerá bem.”
Conexões urbana é exemplo
Grandes nomes da música brasileira já se apresentaram em favelas do Complexo do Alemão, graças ao projeto Conexões Urbanas, criado pelo grupo cultural AfroReggae, de Vigário Geral. Caetano Veloso, em 2001; O Rappa em 2002; o então ministro da Cultura, Gilberto Gil, e sua filha Preta, em 2005 e, ano passado, Marisa Monte, que levou seu elogiadíssimo show ‘Infinito Particular’ para a Grota — lugar onde pode acontecer o show do Rei.
Esses eventos, junto ao trabalho de várias entidades, vêm ajudando a mudar a perspectiva dos moradores dessas comunidades. “O show de um cantor consagrado como Roberto pode incentivar mais jovens a seguirem um caminho honesto, como aconteceu com a visita do Lula”, diz William Roberto, presidente da associação dos moradores da Favela da Fazendinha.
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