Rio - Em 1983 um grupo de garotos ensaiava uma revolução musical que tomaria as ondas do rádio. O RPM (Revoluções Por Minuto) entrou para a história da música brasileira ao ultrapassar 2,5 milhões de cópias vendidas do seu segundo disco, ‘Rádio Pirata ao Vivo’. Apesar do sucesso — ou por causa dele — a carreira da banda foi meteórica.
A gravadora SonyBMG acaba de lançar a caixa ‘Revolução! RPM 25anos’ com os três discos da banda — um deles, ‘Quatro Coiotes’, pela primeira vez em CD —, um quarto disco, de raridades e remixes, e DVD com o show ‘Rádio Pirata’, de 1986. Nos extras, a turnê vista por mais de 700 mil pessoas e trechos do programa do Chacrinha.
“Estávamos bem ensaiados, éramos muito eficientes. Os Stones, com sua longevidade, têm momentos em que estão ajustados, outros nem tanto. Como o RPM durou cinco anos, todo mundo mandava muito bem”, diz Paulo Ricardo, vocalista da banda formada por Luiz Schiavon (teclados), Fernando Deluqui (guitarras) e Paulo P.A. Pagni (bateria).
No auge, os rapazes seguiram o trinômio ‘sexo, drogas e rock and roll’ ao pé da letra e a carreira terminou após ‘Quatro Coiotes’. “Rompemos com a alegria pop do primeiro disco. Tivemos amadurecimento forçado para nos adaptarmos àquela realidade de ego e loucuras. É um registro muito sincero do que passávamos”, lembra. “Vivemos os últimos tempos pré-aids, acredito que a garotada tenha uma idéia de que fazíamos tudo — e fazíamos mesmo”, afirma.
Em 2002, aconteceu nova reunião para gravar o CD ‘MTV - RPM’. “Passamos três meses ensaiando, e tínhamos seis músicas inéditas, o que é essencial para uma volta. ‘Vida Real’ virou abertura do Big Brother”. Essa “volta” faz Paulo Ricardo titubear. “É quase impossível, nós três até conseguiríamos, mas o Schiavon tem compromisso muito rígido com o Faustão (ele é diretor musical do programa)”, diz ele, para logo assumir: “Dá vontade, estamos conversando, mas é difícil”.
O cantor rebate as críticas por ter participado dos CDs de Roberto Justus e do Padre Marcelo Rossi: “Essa coisa de ser roqueiro é muito pequena, muito anglo-saxônica, para um brasileiro. Não vou ficar numa camisa de força. Se fosse assim, o Rodrigo Santoro não poderia fazer a noiva do (filme) ‘Carandiru’”.
CD com músicas de Vinicius
Paulo acredita que as críticas surgiram quando ele optou por um estilo mais popular. “Começaram a pegar no meu pé quando eu compus com o (Michael) Sullivan. Pertenço à música brasileira, de Vicente Celestino, Nélson Cavaquinho”, diz o cantor, que prepara novo CD. “Estou gravando com o Toquinho, um disco com músicas de Vinicius de Moraes, mas nada saudosista, vai ter um tom contemporâneo”, avisa.
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