
Rio - Em 1978, quando ninguém pensava em CDs, a pirataria não assombrava as gravadoras e Roberto Carlos reinava, soberano, Maria Bethânia vendeu impressionantes 800 mil cópias do LP (isso mesmo, um long play) ‘Álibi’ — feito, até então, inédito e impensável para uma cantora brasileira. O repertório reuniu clássicos como ‘Negue’ e ‘Ronda’ e lançou ‘Explode Coração’, sedimentando a parceria de sucesso entre a intérprete e o compositor Gonzaguinha. Trinta anos depois, Bethânia ainda se espanta com a repercussão do disco. “Nossa, quanto tempo, não é? O repertório tocar como tocou foi sorte, não achei que seria esse sucesso todo”, diz, modesta.
Dois anos antes, quando ainda era considerada uma cantora de elite, a baiana ganhou seu primeiro ‘disco de ouro’ pelo LP ‘Pássaro Proibido’. A faixa ‘Olhos nos Olhos’, de Chico Buarque, bateu recordes de execução nas AMs e FMs de todo o país. Mas o sucesso de ‘Álibi’ marcou: “O clima de gravação era ótimo. Tudo que envolveu o disco foi bom demais, as canções, o show, lembrar de ‘Negue’, que era uma canção que eu conhecia desde menina”.
O disco trazia, ainda, a gravação da proibida ‘Cálice’ e duas participações em músicas que virariam clássicos da MPB. “Seria óbvio que eu gravasse um samba com Alcione e uma música do Chico (Buarque) com a Gal, mas como sou esquisitinha resolvi fazer o contrário”, diz Bethânia sobre as gravações de ‘Sonho Meu’ e ‘O Meu Amor’, respectivamente. “Quando eu recebi o convite de Bethânia para gravar, fiquei bestinha, por partir de quem partiu e pela música que é tudo, até hoje”, diz a amiga Alcione.
O sucesso fez com que a ‘fórmula’ fosse repetida nos discos posteriores. “Amei fazer o ‘Mel’ porque tinha uma coisa calorosa, tinha o Wally (Salomão), um poeta que revirava o mundo. ‘Mel’ era safadinho, mas quando chegou no ‘Talismã’ já começou a dar errado, comecei a complicar as coisas para eles (a gravadora)”, conta. Hoje ela não acredita numa reedição daquele sucesso: “As coisas não se repetem, principalmente para o artista, que é movido pelo mundo. Não faria o mesmo disco, adoro ouvi-lo, mas não seria a mesma coisa”.
Mudanças
Depois de três décadas o repertório de 'Álibi' mais parece a seleção de alguma coletânea. 'Diamante Verdadeiro', 'Álibi', 'O Meu Amor', 'A Voz de Uma Pessoa Vitoriosa', 'Ronda', 'Explode Coração', 'Negue', 'Sonho Meu', 'De Todas as Maneiras', 'Cálice' e 'Interior'. Mas a relação com os compositores mudou. "Chico e Caetano não compõem mais para as cantoras em geral, fazem músicas para eles próprios. E a minha história como intéprete se virou para um lado mais interiorano", conta da dona do selo Quitanda.
Avessa aos esquemas mirabolantes imaginados pelas gravadoras, Bethânia lembra da supresa que teve no lançamento do disco 'Alteza': "Fizeram um trono para mim! Sentei no chão. Fujo sempre dessas ciladas, mesmo das mais amorosas".
Dois anos antes, quando ainda era considerada uma cantora de elite, a baiana ganhou seu primeiro ‘disco de ouro’ pelo LP ‘Pássaro Proibido’. A faixa ‘Olhos nos Olhos’, de Chico Buarque, bateu recordes de execução nas AMs e FMs de todo o país. Mas o sucesso de ‘Álibi’ marcou: “O clima de gravação era ótimo. Tudo que envolveu o disco foi bom demais, as canções, o show, lembrar de ‘Negue’, que era uma canção que eu conhecia desde menina”.
O disco trazia, ainda, a gravação da proibida ‘Cálice’ e duas participações em músicas que virariam clássicos da MPB. “Seria óbvio que eu gravasse um samba com Alcione e uma música do Chico (Buarque) com a Gal, mas como sou esquisitinha resolvi fazer o contrário”, diz Bethânia sobre as gravações de ‘Sonho Meu’ e ‘O Meu Amor’, respectivamente. “Quando eu recebi o convite de Bethânia para gravar, fiquei bestinha, por partir de quem partiu e pela música que é tudo, até hoje”, diz a amiga Alcione.
O sucesso fez com que a ‘fórmula’ fosse repetida nos discos posteriores. “Amei fazer o ‘Mel’ porque tinha uma coisa calorosa, tinha o Wally (Salomão), um poeta que revirava o mundo. ‘Mel’ era safadinho, mas quando chegou no ‘Talismã’ já começou a dar errado, comecei a complicar as coisas para eles (a gravadora)”, conta. Hoje ela não acredita numa reedição daquele sucesso: “As coisas não se repetem, principalmente para o artista, que é movido pelo mundo. Não faria o mesmo disco, adoro ouvi-lo, mas não seria a mesma coisa”.
Mudanças
Depois de três décadas o repertório de 'Álibi' mais parece a seleção de alguma coletânea. 'Diamante Verdadeiro', 'Álibi', 'O Meu Amor', 'A Voz de Uma Pessoa Vitoriosa', 'Ronda', 'Explode Coração', 'Negue', 'Sonho Meu', 'De Todas as Maneiras', 'Cálice' e 'Interior'. Mas a relação com os compositores mudou. "Chico e Caetano não compõem mais para as cantoras em geral, fazem músicas para eles próprios. E a minha história como intéprete se virou para um lado mais interiorano", conta da dona do selo Quitanda.
Avessa aos esquemas mirabolantes imaginados pelas gravadoras, Bethânia lembra da supresa que teve no lançamento do disco 'Alteza': "Fizeram um trono para mim! Sentei no chão. Fujo sempre dessas ciladas, mesmo das mais amorosas".
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