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As diferentes faces do samba



Marquinhos de Oswaldo Cruz lança seu segundo, Memórias de Minh’alma, com distribuição da gravadora Índie Records. Figura importante no resgate de eventos tradicionais como o Pagode do Trem e as rodas de samba na quadra da Portela e na Lapa, quando esta ainda não tinha a esfervecência cultural de hoje (o movimento Samba de Raiz, criado por ele, era frequentado por Nelson Sargento, Zé Ketti, Luiz Carlos da Vila, Beth Carvalho e Dudu Nobre, entre outros, quando a Lapa estava esquecida e abandonada). Por falar em Beth, foi numa dessas noites que a cantora ouviu, encantada, Geografia Popular, obra-prima gravada em seu CD Pérolas do Pagode. Seu novo disco, Marquinhos nos mostra diferentes facetas, todas intimamente ligadas ao samba. Pra Vocês e Refém, em duetos com Denise e Ircéia Gomes, respectivamente, são momentos dolentes que resvalam em A Mais Bela Canção. Tia Doca, pastora da escola do coração, está na faixa Naval na Sedofeita, reafirmando que o subúrbio "tá é bom" (pelo menos enquanto houver gente bamba disposta, ele sempre será bom). Ainda envolto em azul-e-branco, Marquinhos declara seu amor ao bairro que leva no nome, e lembra Candeia, auxiliado por Xangô da Mangueira, nos versos de Nova Escola. Outra que cita Oswaldo Cruz é 16ª Estação - que já virou hino informal do Pagode do Trem, quando este chega à terra de Marquinhos, Monarco e cia. A faixa que encerra o disco traz a cantora baiana Virgínia Rodrigues em emocionante dueto com Marquinhos: Éramos Reis foi composta depois de uma viagem à África, origem do ritmo que se tornou brasileiro...

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